Para os naturalistas da época, não seria mais que um lobo, ainda que incomumente grande e feroz. Muitos camponeses, porém, julgaram que se tratava de um lobisomem. Houve quem especulasse que se tratava de uma fera africana que de alguma maneira havia chegado ao sul da França, mas hoje tende-se a acreditar que se tratava de um ou dois híbridos de cão e lobo.
Só em 1764, 74 lobos foram mortos na tentativa de destruir a Fera. Em 1765, foi abatido um grande animal que foi identificado como a “Fera”. Pesava 64 kg, tinha 87 cm de altura e 183 cm de comprimento total.
Mas não era o verdadeiro assassino, ou pelo menos não o único: as mortes continuaram até que em 1767 foi morto um segundo animal, que pesava 58 kg. O camponês que o abateu usou uma bala de prata benzida por um padre - trata-se do primeiro registro histórico comprovado da crença de que esse metal seria necessário para matar um lobisomem.Houve boatos de que este seria uma hiena, mas a mordida, tal como foi desenhada na época, parece mais a de um canídeo.
Retrato falado da Fera de Gévaudan, com base nas melhores descrições e uma interpretação científica
Caçadores experientes, um cirurgião e o biólogo Buffon, que chegou a examinar a segunda carcaça, não duvidaram de que ambos eram lobos, ainda que com características estranhas. Os focinhos pareciam longos demais (mandíbula de 45 cm, medida pelas mordidas) e a cauda (22 cm na segunda Fera) muito curta para um verdadeiro lobo. Os padrões de cores também eram atípicos: o primeiro tinha a garganta branca, o segundo era avermelhado.
O comportamento era ainda mais atípico, pois não há notícias de outros lobos não-raivosos que atacassem sistematicamente seres humanos e era evidente que esses animais não eram hidrófobos, tanto pelo tempo que viveram, quanto pelo fato de que devoravam suas vítimas. Parece provável que ambas as Feras, ou pelo menos a segunda, fossem híbridos de lobos com grandes cães domésticos.
O caso inspirou várias obras de ficção, inclusive o filme O Pacto dos Lobos.